Fim do CDB de 120% do CDI? Novas regras do FGC já impactam taxas dos ativos bancários

No início de agosto, o Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu apertar as regras para a contribuição das instituições financeiras ao Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Apesar da entrada em vigor apenas em junho de 2026, as medidas trouxeram impacto imediato nas taxas dos CDBs

Levantamento da Quantum Finance feito a pedido do InfoMoney mostra que a remuneração dos CDBs pós-fixados não superou os 107% do CDI em agosto, enquanto julho concentrou emissões de 109% a 120% do CDI. A taxa média para os papéis com vencimento em três meses caiu de 100,40% para 99,92% do CDI no mês passado. Em papéis de 24 meses, a média recuou de 99,61% para 99,07%.

“A regulação do FGC e as perspectivas de queda da Selic reduzem o espaço para pagar taxas muito acima do mercado”, diz Ângelo Belitardo, gestor da Hike Capital. A principal mudança no Fundo está na contribuição adicional: bancos que captam pelo menos 60% de seus recursos com produtos cobertos pelo FGC terão a contribuição elevada de 0,01% para 0,02% dos depósitos garantidos. Antes, a contribuição adicional era ativada quando 75% dos recursos eram captados via produtos cobertos. 

Belitardo ainda explica que “as contribuições e exigências adicionais vão aumentar o custo de captação, especialmente para instituições menores”, com isto, a tendência é que esses bancos estejam menos dispostos a emitir papéis com taxas muito altas. “Aquele CDB que pagava 115% ou 120% do CDI tende a se tornar cada vez mais raro”, conclui o gestor. 

O objetivo do CMN é promover disciplina de mercado e proteger a solidez do sistema financeiro, explica Gabriel Santos, especialista de investimentos de Research e Estratégia da Bloxs. Ele diz que, “embora não haja um teto explícito, a estrutura de custos imposta pela nova regra tende a estabelecer um limite prático para remuneração dos CDBs, que o mercado estima em torno de 120% do CDI”. 

Taxas dos CDBs em agosto

Os CDBs com vencimento em 3, 6 e 24 meses emitidos no mês passado entregaram, em média, remuneração abaixo do CDI. Para Victor Furtado, Head de Alocação na W1 Capital, um papel com taxa inferior à referência da renda fixa “dificilmente é interessante” para o investidor, que encontra no Tesouro Selic e em fundos DI sem taxa de administração alternativas tão seguras quanto os CDBs com rendimento superior.  

José Victor Cassiolato, estrategista da Victrix Capital, explica que a demanda por financiamento dos bancos é baixa atualmente, enquanto, na outra ponta, a procura dos investidores por instrumentos de renda fixa segue alta, o que pressiona para baixo as taxas. Segundo ele, “toda vez que os CDBs estiverem remunerando menor do que o CDI, o investidor deve considerar o Tesouro Selic como opção”. 

Retorno do CDBs pós-fixados emitidos em agosto
Prazo (meses) Taxa mínima (% CDI) Taxa média (% CDI) Taxa máxima (% CDI) Número de títulos Emissor da maior taxa
3 90,00% 99,92% 105,00% 57 Banco Pine
6 96,50% 98,12% 103,00% 39 Banco Inter
12 90,00% 100,01% 106,30% 78 Banco C6
24 96,81% 99,07% 107,00% 71 Qista – Crédito, Financiamento e Investimento
36 99,62% 100,53% 104,50% 42 BR Partners Banco de Investimento
Fonte: Quantum Finance

Outro destaque de agosto no mercado de CDBs foi a predominância dos CDBs de inflação: foram 356 títulos com remuneração atrelada ao IPCA contra 287 pós-fixados e 77 prefixados. 

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Para Santos, a liderança desses ativos é reflexo do comportamento dos investidores, que buscam retorno que supere a inflação e preserve o poder de compra no longo prazo diante de um histórico de instabilidade inflacionária e incertezas fiscais. 

Retorno do CDBs de inflação emitidos em agosto
Prazo (meses) Taxa mínima (IPCA+) Taxa média (IPCA+) Taxa máxima (IPCA+) Número de títulos Emissor da maior taxa
12 8,90% 9,59% 9,99% 108 Banco ABC Brasil
24 7,63% 8,13% 8,70% 65 Haitong Brasil
36 7,06% 7,72% 8,36% 183 Haitong Brasil
Fonte: Quantum Finance

Nos prefixados de longo prazo, os investidores encontraram taxas entre 12,77% e 14,40% ao ano, com média de 13,41%, considerada por Furtado como “atrativa em termos históricos, especialmente com a Selic em queda”. O especialista defende que o investidor que acredita em queda consistente dos juros tem a oportunidade de travar a remuneração em patamar “elevado” por três anos, mas alerta que é preciso disciplina: “os prefixados sofrem bastante com marcação a mercado no curto prazo, então a recomendação é carregar até o vencimento”. 

Belitardo, da Hike Capital, diz que os riscos desse investimento estão num ritmo lento de cortes da Selic ou manutenção da inflação elevada, fatores que diminuiriam o ganho real da aplicação. No entanto, “esses prefixados oferecem prêmios interessantes e podem compor bem a carteira de quem busca diversificação”, diz o especialista. 

Retorno do CDBs prefixados emitidos em agosto
Prazo (meses) Taxa mínima Taxa média Taxa máxima Número de títulos Emissor da maior taxa
3 14,94% 14,94% 14,94% 1 Stellantis Financiamento
6 14,20% 14,46% 14,74% 25 Banco ABC Brasil
12 13,85% 14,22% 14,75% 28 Sinosserra Financeira
24 12,86% 13,11% 13,31% 7 Haitong Brasil
36 12,77% 13,41% 14,40% 16 Sinosserra Financeira
Fonte: Quantum Finance

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