Quer morar nos EUA em 2026? Saiba como se preparar sem cair em golpes

Quem estiver sonhando em morar e trabalhar nos Estados Unidos em 2026 vai precisar ter um plano muito bem estruturado, especialmente depois de todas as mudanças orquestradas pelo presidente Donald Trump em 2025. O ano foi marcado por um endurecimento das regras para imigração, com mais fiscalização, cruzamento de dados e rigor na análise dos pedidos, em especial para os vistos ligados a trabalho e residência permanente.

O cenário atual aponta para uma imigração mais técnica, criteriosa e menos tolerante a improvisos. Por isso, especialistas ouvidos pelo InfoMoney afirmam que o caminho agora passa por orientação qualificada, documentação robusta e planejamento financeiro realista.

“Quem se organizar para entender as regras e se preparar melhor tem mais chances de sucesso. Quem busca atalhos, infelizmente, vai virar estatística de indeferimento ou, pior, de golpe”, afirma o advogado licenciado nos Estados Unidos e especializado em imigração, Vinicius Bicalho.

Segundo ele, a legislação não mudou de forma radical, mas a forma de aplicá-la mudou muito. “Não existe facilidade no processo migratório americano. O que existe é o cumprimento rigoroso das regras, com muito mais escrutínio e quem não se preparar corre riscos”, afirma.

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Mais rigor e tecnologia nos processos

Em 2025, os processos migratórios passaram a ser analisados com mais profundidade, inclusive com uso ampliado de tecnologia, especialmente a inteligência artificial, para checagem de informações. Documentos, histórico profissional, comportamento em redes sociais e coerência das informações passaram a ser cruzados com mais frequência.

Por isso, daqui para frente o imigrante vai precisar comprovar tudo. Não basta alegar experiência, renda ou plano profissional. É preciso demonstrar de forma clara e documentada aquilo que está se propondo. Segundo Bicalho, para 2026, a expectativa é que esse padrão se consolide, exigindo dossiês mais completos e estratégias bem definidas.

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Qual visto escolher?

Os Estados Unidos seguem como o principal destino de brasileiros que saem do país, segundo o ultimo relatório Comunidades Brasileiras no Exterior, do Ministério das Relações Exteriores. Atualmente, são 2,08 milhões de brasileiros residindo naquele país, formando a maior comunidade brasileira fora do Brasil.

Para quem pensa em imigrar a partir de agora, o primeiro passo será identificar o tipo de visto adequado ao propósito. Vale lembrar que o sistema americano é complexo e possui 187 tipos de vistos. Errar nessa escolha pode comprometer todo o processo.

Nos vistos temporários, como turismo e estudo, a exigência central é provar vínculos sólidos com o Brasil, como trabalho, renda, família e patrimônio. Além disso, é preciso comprovar capacidade financeira para sua estada naquele país.

Já nos vistos permanentes ligados à carreira profissional, muito comuns entre brasileiros, o foco é outro. Há categorias que exigem que haja uma oferta antecipada de trabalho. “O que o governo quer ver é um plano consistente de continuidade da carreira e como aquela pessoa pode contribuir para os Estados Unidos”, explica o advogado.

Profissionais das áreas de saúde, ciência, tecnologia, engenharia e matemática seguem entre os mais valorizados, desde que consigam comprovar uma trajetória sólida, qualificação para a carreira e plano realista de atuação no país.

O que mudou em 2025

1) Maior rigor na fiscalização

Mesmo quando a lei não muda, o padrão de análise muda. Em 2025, o ambiente foi de maior escrutínio, com órgãos migratórios ampliando capacidade de checagem e cruzamento de informações, inclusive com apoio de tecnologia. O efeito para 2026 é direto: processos mais criteriosos exigem dossiês mais bem montados.

2) H-1B no centro do debate e medidas “antiabuso”

O visto H-1B (trabalho temporário) voltou a ser tratado como alvo de correções para coibir distorções. Em 2025, foram adotadas medidas mais duras e custos extras para empresas em determinadas situações, numa tentativa de desincentivar abusos no uso do programa. Na prática, para 2026 isso significa que as empresas tendem a ficar mais seletivas, e candidatos precisam estar com qualificações, currículo e documentação “à prova de lupa”.

3) Mudanças em regras de entrevista

Outro ponto que mexe com a vida real do candidato é a política de entrevista consular, sobre quando pode haver isenção e quando não pode. Em 2025, houve atualização pública nas diretrizes de dispensa de entrevista que afeta parte dos pedidos e renovações, com impacto na agenda dos consulados e no planejamento de prazos. O interessado precisa ficar mais atento a isso.

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Planejamento financeiro

Um erro comum, segundo Bicalho, é subestimar o custo de vida e o tempo de adaptação. “As coisas não acontecem imediatamente nos Estados Unidos. Por isso, a pessoa precisa ter fôlego financeiro para não ter de aceitar qualquer oferta de emprego.”

A referência para uma família é de que seja necessário entre US$ 5 mil e US$ 10 mil por mês para viver com razoável conforto, dependendo do estado e do padrão de vida. Isso equivale a uma renda anual entre US$ 60 mil e US$ 120 mil, como são calculados os salários nos Estados Unidos.

É preciso estar atento também às diferenças de custos entre estados. Califórnia e Nova York estão entre os mais caros. Flórida e Massachusetts são mais baratos e hoje concentram grandes comunidades brasileiras. Por outro lado, estados como o Texas vêm ganhando espaço por oferecer custo menor e não cobrar imposto estadual sobre renda.

A recomendação, no geral, é chegar ao país com reserva suficiente para se manter entre 90 e 180 dias, período necessário para adaptação, networking e busca por oportunidades alinhadas ao perfil profissional.

Custo de vida

Um ponto que costuma surpreender brasileiros é a lógica do custo de vida. “O Brasil é o país dos produtos caros. Nos Estados Unidos, os produtos são baratos, mas os serviços são caros, e bem remunerados”, explica Bicalho.

Isso significa que profissionais qualificados, após o período de adaptação, tendem a ter perspectivas de renda superiores às do Brasil, especialmente em atividades de prestação de serviços.

Fique atento aos golpes

Com o aumento da procura de consultorias para imigração, também cresceram os golpes. Por isso, os interessados precisam estar atentos e adotar alguns cuidados essenciais:

  1. Verifique se o advogado é licenciado nos EUA
    Todo advogado precisa ter licença válida emitida pela BAR (equivalente à OAB nos Estados Unidos). Há exames federais e estaduais, uma vez que cada estado conta com leis específicas naquele país.
  2. Pesquise a reputação e o histórico profissional
    Tempo de atuação, avaliações, especialização e eventuais problemas disciplinares devem ser checados.
  3. Avalie a acessibilidade do profissional
    É preciso conseguir falar com o advogado que conhece seu caso, porque imigração não pode ser tratada como linha de produção.
  4. Pagamentos só em conta oficial do escritório nos EUA
    Honorários devem ser pagos exclusivamente em contas do escritório americano, fiscalizadas pela BAR. Taxas governamentais devem ser pagas diretamente às autoridades. Contas no Brasil ou em outros países são um forte sinal de alerta, porque essas contas não podem ser fiscalizadas pela BAR.
  5. Exija cópia integral do processo
    O cliente tem direito a acessar tudo o que foi protocolado em seu nome. A falta de transparência é um dos principais sinais de fraude.

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