
Bota, fivela e chapéu. Quem passar pela Festa do Peão de Barretos entre os dias 21 e 31 de agosto vai se cansar de ver a indumentária “boiadeira”, cantada pelo fenômeno da música sertaneja Ana Castela. Ela própria é uma das atrações do festival que, embalado pelo pós-pandemia, deve faturar quase R$ 100 milhões em 2025.
Organizadores esperam por entre 900 mil e 1 milhão de visitantes na Festa do Peão de Barretos em 2025, ainda reflexo do represamento da demanda desde o retorno do evento em 2022, após dois anos parados em função da crise sanitária. Trata-se de um movimento mais amplo que impacta todo o setor de entretenimento pelo mundo.
No caso de Barretos, um salto na capacidade da rede hoteleira da região também contribuiu para o aumento no fluxo de visitantes. Só a cidade de Olímpia, a menos de uma hora de carro de Barretos, expandiu a quantidade de leitos de cerca de 20 mil para mais de 30 mil nos últimos cinco anos. “Hoje há uma quantidade inúmera de leitos que permitem turistas do Brasil inteiro virem para Barretos com mais facilidade”, conta o presidente de Os Independentes, associação responsável por promover o evento, Jeronimo Luiz Muzeti.
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Segundo a organização, quase 50% dos municípios brasileiros tem ao menos um comprador para a edição de 2025. Mesmo que a grande maioria dos visitantes sejam do estado de São Paulo — 67%, segundo dados de 2024 da Secretaria de Turismo e Viagens –, o crescimento dos visitantes de outros estados permitiu um aumento considerável do ticket médio, em especial nos setores mais luxuosos.
“Os turistas que vêm de todo o Brasil costumam comprar três a quatro dias dentro do evento. Isso agregou muito para todos os setores mais nobres”, explica Muzeti. Até a pandemia, o ticket médio da Festa do Peão de Barretos era de R$ 120. Hoje, antes do início do evento, está em torno de R$ 220, mas deve cair para aproximadamente R$ 180 em função das vendas de dias menos demandados no meio de semana, mais consumidos pelo público da região.

O custo de alguns camarotes, no entanto, saltaram mais de 30% de 2024 para 2025, muito acima da inflação de 5,23% nos 12 meses até julho medida pelo IPCA. Assistir ao show das duplas Jorge & Mateus, Rio Negro & Solimões, Cesar Menotti & Fabia e Edson & Hudson no camarote Brahma no sábado, dia 30, pode custar mais de R$ 3 mil.
Resumo da ópera? A Festa do Peão de Barretos deve faturar entre R$ 80 e R$ 90 milhões, segundo apurou o InfoMoney. Em 2024, movimentou R$ 395 milhões no turismo da cidade, segundo a Secretaria de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo
Na verdade, todos aqueles consumidores que passaram pela pandemia sem poderem frequentar grandes shows voltaram do isolamento com mais apetite pelo entretenimento ao vivo. Essa disposição para gastar as economias com experiências presenciais é um dos motivos pelos quais festivais e apresentações individuais seguem lotando estádios.
Estima-se que a receita gerada por eventos musicais ao vivo no Brasil em 2024 tenha sido de US$ 167 milhões, com projeção de evolução para US$ 173 milhões em 2025 e US$ 177 milhões em 2026. Fica mais claro o porquê de bandas como a inglesa Coldplay terem feito nada menos que onze datas no País em 2025.
Por enquanto, tanto o aumento na venda de ingressos como os patrocínios sustentam o impulso, mas análises apontam para uma estagnação da receita gerada por anunciantes nos próximos anos no patamar de US$ 34 milhões na indústria de shows ao vivo.
No caso de Barretos, o número de patrocinadores saltou de uma média de 6 grandes parceiros nos últimos anos para 10 masters em 2025 em negociação para criar o Circuito Sertanejo com outros festivais. Entre eles estão Brahma, Sicoob, Ballantines, Volkswagen, Pepsi, Tim, BetMGM, Ipiranga, Ballena e Levity, fora Billboard e Grupo Globo, parceiros de mídia.
Parte, é claro, tem a ver com todo o movimento envolvendo a demanda de consumidores pelos shows, mas o evento também tem se estruturado para atingir um público maior.
Muzeti relembra que o evento se tornou mais conhecido nacionalmente a partir da década de 1990 com atrações internacionais como os cantores country Alan Jackson, Garth Brooks e até a colombiana Shakira. A variedade de artistas, que vão dos sertanejos à Alok, Anitta e até Mariah Carey é um dos impulsos da nacionalização da Festa, avalia o executivo.
Ter sido o cenário da novela “América”, da Rede Globo, em 2005, também ajudou.
Para o organizador, contribuem também os altos investimentos feitos em infraestrutura nos últimos anos. Hoje, o espaço da Festa do Peão de Barretos se tornou uma verdadeira cidade: para se ter ideia, quem decide pela hospedagem no camping do Parque do Peão, com acesso aos shows e à montaria, conta com farmácia, lavanderia, ambulatório infantil e adulto, ambulâncias UTI.
Foram gastos R$ 20 milhões em obras para a ampliação de camarotes, melhorias nas redes de água e esgoto, novas ruas e iluminação. A partir do fim do evento neste ano, a organização quer transformar o Parque do Peão em um espaço de exposição permanente para visitação e atração de turistas durante todo o ano.
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