
Os CDBs podem ser excelentes opções para quem busca rentabilidade nos investimentos em renda fixa. No entanto, a busca por taxas mais altas pode levar os investidores a assumir mais risco do que gostariam. Entender como identificar os riscos nos CDBs é crucial para proteger o capital na busca pela maior rentabilidade possível.
As aplicações nos ativos bancários são protegidas pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), o que traz segurança aos investidores que querem arriscar dentro do limite de R$ 250 mil por CPF. Porém, o sinal amarelo foi acionado depois que o Conselho Monetário Nacional (CMN) alterou as regras de contribuição das instituições financeiras com o Fundo em meio a preocupação com instituições que elevaram a alavancagem com emissões cobertas pelo FGC.
Nesse contexto, aprender a analisar os números dos bancos, entender como funciona a proteção do FGC e conhecer os cuidados necessários no cenário atual ajudam os investidores a investir com consciência e correr riscos conhecendo os perigos das aplicações.
Análise de taxa e emissor
Ângelo Belitardo, gestor da Hike Capital, explica que retorno significativamente acima da média do mercado para CDBs geralmente indica um risco maior. Instituições financeiras que oferecem rendimentos muito superiores aos de seus pares podem estar enfrentando dificuldades para captar recursos e utilizam essas taxas elevadas como um atrativo para o investidor.
Essa estratégia, no entanto, pode ser um sinal de fragilidade e um indicativo de que o papel é mais arriscado. Portanto, ”taxas muito acima da média costumam refletir risco real de captação, mas não devem ser o único critério”, adverte Belitardo.
O investidor comum consegue identificar problemas em instituições financeiras por meio de indicadores básicos, afirma Thiago Costa Azevedo, sócio-fundador da Guardian Capital. No entanto, ele ressalta a existência de “riscos imponderáveis”, como fraudes, má gestão ou fatores externos, que fogem à capacidade de previsão. Por isso, a diversificação entre diferentes emissores é essencial para mitigar riscos.
Um dos principais indicadores da saúde financeira de um banco é o Índice de Basileia, que representa a relação entre o capital próprio da empresa e o valor de seus ativos ponderados pelo risco. “Quanto maior o índice, mais o banco tem capital próprio para absorver perdas, portanto, mais seguro é o emissor”, explica Azevedo.
O especialista também destaca a análise do Patrimônio Líquido (PL) como um aspecto importante para compreender o risco de um CDB emitido por aquela instituição. Um PL que cresce consistentemente é bom sinal, enquanto a queda pode ser um alerta de fragilidade da empresa.
Ângelo Belitardo, gestor da Hike Capital, ainda indica que, além do Índice de Basileia – que deve estar bem acima do mínimo regulatório, de 10,5%, e não em queda –, o investidor deve observar outros sinais de alerta. Entre eles, cita a inadimplência (NPL) crescente, Provisões para Devedores Duvidosos (PDD) insuficientes em relação ao NPL, lucros ou Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) comprimidos ou prejuízo recorrente.
Ele explica que essas informações constam nos balanços financeiros dos bancos e podem ser analisadas em conjunto com fatores de fora dos resultados, como rebaixamento de nota de crédito por agências de classificação de risco e intervenções do Banco Central. Interpretar essas informações ajuda os investidores a afastar “riscos óbvios”, mas não substitui a análise profissional, alerta Belitardo.
Como encarar a proteção do FGC
Mesmo diante do que Belitardo chama de “sinais vermelho básicos”, alguns investidores podem decidir por investir em CDBs arriscados contando com a proteção do FGC em caso de calote. Porém, os especialistas dizem que o Fundo Garantidor de Crédito é importante, mas não deve ser encarado como um passe livre para assumir riscos excessivos.
Thiago Costa Azevedo alerta para a liquidez limitada do FGC que, “apesar de não ter histórico de calote, possui uma liquidez em torno de 2%”. Isso significa que, em uma crise generalizada, o pagamento aos investidores pode ser atrasado por falta de recursos, argumenta.
Quando uma instituição financeira não consegue pagar os investidores, o FGC paga o montante aplicado e os juros contratados até a intervenção do Banco Central. O prazo para pagamento é de 60 dias úteis, mas o Fundo geralmente paga os credores entre 7 e 30 dias corridos, diz Azevedo.
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