
Uma série de reuniões com alguns dos maiores fundos de private equity do mundo mudou a história recente do G4 Educação. Foi em um non-deal roadshow com nomes como BlackRock que Tallis Gomes, cofundador e presidente da empresa, desistiu da ideia de realizar um IPO para financiar aquisições. O motivo? A inteligência artificial. Agora, executando o novo plano de ação, a companhia vai bater seu primeiro bilhão em faturamento e quer triplicar a receita até 2027.
Em entrevista ao InfoMoney, Gomes conta que a conversa com os representantes dos fundos o fez refletir sobre os próximos passos da plataforma de ensino e gestão para empreendedores. “Eu mudei na hora o pitch e pensei: ‘não vou falar mais que quero fazer M&A (sigla em inglês para fusões e aquisições)’ porque eu não acho que preciso comprar software”. Ele argumenta que não faz sentido comprar empresas de softwares enquanto ferramentas de IA são capazes de criar programas proprietários com baixo investimento.
“Na corrida do ouro, prefiro sair vendendo a pá; eu estou aqui vendendo ferramenta para quem está na corrida do ouro”, diz o executivo.
Em seis anos de operação, o G4 já “vendeu pás” para 55 mil empresas e deve conquistar seu primeiro bilhão em faturamento nos próximos dias, com geração de caixa de R$ 100 milhões, segundo Gomes. Superado esse marco, os próximos bilhões devem aparecer mais rapidamente. A companhia projeta que mais R$ 1 bilhão será arrecadado até o fim do ano que vem e que será necessário apenas um ano para o terceiro bilhão, em 2027.
“Mercado Livre para soluções corporativas”
Com um modelo de negócio que atrai donos de pequenas e médias empresas pelos cursos com outros empreendedores e executivos C-Level de companhias de alto crescimento, o G4 deu, recentemente, um passo importante para se consolidar como quem mais vende ferramentas para os empreendedores brasileiros. Em janeiro, a companhia lançou o G4 Tools, que funciona como um marketplace de soluções para empresas.
“Eu sou o Mercado Livre para soluções corporativas, mas um Mercado Livre que ensina o que comprador deve adquirir porque, no fim do dia, se o empreendedor entrar no G4 e ganhar mais dinheiro, ele continua comigo”, explica Tallis Gomes.
Para entrar no G4 Tools, os produtos e serviços são testados pelo time do G4 e, quando aprovados, são oferecidos com desconto na plataforma. A ideia é que as empresas abram mão de parte da margem para acessar a base do G4 – que ganha a cada venda fechada – e ganhar escala. “O meu cliente compra mais barato e a empresa de software tem um canal novo que hoje tem 55 mil empresas plugadas, é um ganha-ganha”.
O marketplace nasceu como a terceira solução do G4 Educação. Além dos cursos, a empresa oferece conexão com outros empresários para compartilhar experiências e soluções de problemas em comum. Somente em 2025, o G4 Tools deve ter faturamento de R$ 170 milhões: “Isso me surpreende muito porque não achei que, em menos de um ano, criaríamos um negócio que responde por um terço da nossa companhia”, comenta Gomes. Para os próximos 10 anos, a visão é clara: o marketplace será responsável por metade da receita da companhia.
IA “chocante”
Ao falar sobre o ganho de escala que a inteligência artificial permitiu ao seu negócio, Gomes comenta que a plataforma do G4 Tools foi criada em apenas 12 horas, usando ferramentas como o Lovable, que cria softwares a partir de comandos de voz: “Se fosse há três anos, eu precisaria de uns R$ 50 milhões e um ano e meio para criar um negócio mais ou menos parecido; é chocante o que a IA está fazendo”
O G4 montou sua primeira célula de IA em 2022, “antes de virar moda”, e desenvolveu softwares proprietários para otimizar desde o pitch de vendas até a produção de conteúdo.
O resultado foi um salto de produtividade brutal. Em 2022, a empresa faturou R$ 132 milhões com 390 funcionários. Este ano, com a receita projetada em R$ 500 milhões, o quadro de pessoal aumentou em apenas 10 pessoas, chegando a 400.
“Estamos vivendo uma era de transformação profunda na sociedade e eu acredito que a gente só viveu algo parecido com isso quando a humanidade conseguiu começar a produzir usando a energia elétrica”, avalia o cofundador do G4.
Sem pressa para IPO
Apesar do non-deal roadshow e das conversas constantes com fundos, Gomes afirma que não há planos para captação. “Eu gero R$ 100 milhões de caixa, vou captar dinheiro para quê?”, diz. O executivo comenta que a proximidade com os investidores institucionais é importante para qualquer empreendedor – “guarda-chuva você compra em dia de sol”, diz – e vê nas conversas uma forma de “oxigenar a cabeça do empreendedor”.
Além das conversas com gestores, os juros altos e o atual governo são fatores que fazem o G4 não considerar um IPO agora. “Enquanto o Brasil não tiver uma transição para um governo mais responsável fiscalmente, esquece o mercado”. Já uma eventual rodada de investimentos por fundos de private equity só faria sentido, segundo Gomes, para “agregar intelectualmente”, e não pelo dinheiro.
Enquanto isso, o foco permanece no Brasil. A expansão internacional “passa pela cabeça, mas não faz sentido nos próximos anos” para o G4, que alcança 55 mil empresas em um universo de milhões de CNPJs no cenário nacional. “Estou apenas começando. Tenho um amor descomunal pelo Brasil e acredito que a melhor contribuição que posso dar é aqui”, conclui o presidente da companhia.
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