Os fãs de futebol virtual têm bons motivos para sonhar com uma novidade aguardada há quase uma década: o retorno oficial dos clubes brasileiros ao principal simulador do planeta. Segundo informações do perfil especializado fc25leaks, o EA Sports FC 26, previsto para o mês que vem, pode finalmente trazer os times nacionais de volta com todos os direitos garantidos — escudos, uniformes e elencos reais.
Se isso se concretizar, será a primeira vez desde FIFA 16 que o Brasileirão estará presente com licenciamento completo em um jogo da franquia. Um acontecimento que vai além da nostalgia dos torcedores. Envolve interesses comerciais, visibilidade internacional e, claro, a reconexão de uma geração de fãs que cresceu jogando futebol no videogame.
A ausência dos clubes nos últimos anos se deu por um motivo muito específico: a legislação brasileira. Ao contrário de outras ligas no mundo, que negociam com federações ou sindicatos de atletas, a Lei Pelé exige autorização individual de cada jogador para uso de imagem. Isso dificultou — e muito — o processo de licenciamento.
Nas versões anteriores, a única presença possível foi no modo Libertadores, fruto de um acordo entre a Conmebol e as desenvolvedoras. Mas ali os jogadores apareciam com nomes e rostos genéricos. Faltava alma. Faltava identidade.
Agora, tudo indica que esse cenário está prestes a mudar. Fontes como o insider FGZ News apontam que a EA Sports teria fechado acordos com clubes da Liga Forte Futebol, como Vasco, Corinthians, Fluminense, Botafogo, Internacional, Fortaleza, Cruzeiro, Cuiabá, Athletico Paranaense, Atlético Goianiense e Criciúma. Há ainda a possibilidade de clubes da Série B também integrarem o game, o que abriria caminho para múltiplas divisões representadas. Por ora, nenhum clube confirma oficialmente. Mas o silêncio, neste caso, pode ser sinal de que a bola está, sim, rolando nos bastidores.
Não houve menção à Liga Brasileira no trailer de lançamento, mas uma atualização depois do lançamento é uma possibilidade real e uma manobra já utilizada para edições anteriores.
Muito mais do que uma diversão
Os números por trás do EA Sports FC mostram que não se trata apenas de um jogo. Segundo a agência SPORTFIVE, mais de 200 milhões de pessoas jogam a franquia em 200 países. São 17 bilhões de partidas por ano. Um levantamento publicado pela Forbes aponta que 62 milhões de pessoas no mundo afirmam ter se tornado fãs de futebol por causa dos jogos da EA.
Para Alexandre Mota, diretor criativo da agência End to End, que atua com soluções em engajamento esportivo, os clubes brasileiros precisam enxergar essa possível volta como uma chance de ouro. “O retorno do Brasileirão representa uma enorme oportunidade de internacionalização e de conexão direta com as novas gerações de torcedores digitais. Se, em vez de esperar que a presença no jogo traga benefícios por si só, os clubes ativarem suas marcas, o impacto comercial pode ser gigantesco, especialmente em ações de licenciamento, parcerias com patrocinadores e presença global das equipes.”
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E essa visibilidade não é apenas institucional. Fernando Kleimmann, sócio-diretor da Volt Sport, fornecedora de material esportivo de clubes como o Fortaleza, destaca o impacto direto para marcas e patrocinadores. “Quando a camisa de um clube aparece num jogo, ela vai parar na casa de milhões de pessoas. Isso mostra que estamos conectados com o universo do futebol e da cultura gamer. Fortalece o projeto como um todo.”
Mais do que exposição, o game influencia diretamente no comportamento do torcedor. “Ver a camisa do seu time no jogo cria identificação, orgulho, e isso impacta na vontade de ter aquela peça também na vida real. Estar nesses jogos ajuda a transformar a marca em algo desejado”, completa Kleimmann.
Identidade digital e posicionamento internacional
Se os grandes clubes sonham com alcance global, os médios e pequenos veem no jogo uma vitrine inédita. É o caso do Juventude, um dos nomes que aparece nas listas de possíveis licenciados. Bruno Zaballa, vice-presidente de marketing do clube gaúcho, acredita que a presença no EA Sports FC pode abrir portas em diferentes frentes. “Reforça a visibilidade institucional, amplia o alcance da nossa identidade e agrega valor às nossas propriedades comerciais.”
O momento também reflete uma mudança de mentalidade nos bastidores do futebol brasileiro. Por muito tempo, clubes desprezaram oportunidades de longo prazo no ambiente digital, muitas vezes por conta de gestões imediatistas ou da própria burocracia jurídica.
Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil, aponta o quanto o atraso é fruto de uma visão ultrapassada. A empresa dele trabalha com nomes do futebol como Vini Jr., do Real Madrid, uma das equipes mais selecionadas pelos jogadores com controles na mão.
“Nossa legislação foi baseada em um conflito que surgiu mais de quarenta anos atrás por conta de um álbum de cromos, e elaborada por pessoas que só tinham olhos para o passado, pessoas que não tinham noção alguma de como os avanços da tecnologia iriam impactar as relações de negócio no esporte. Não bastasse essa restrição, tivemos a maioria absoluta dos nossos clubes administrados como prefeituras, sem qualquer preocupação de longo prazo, e por vezes, com negócios que seriam interessantes no longo prazo descartados por gestores que não desejavam que outros se beneficiassem desses acordos, alegando, nesse caso, valores irrisórios para não licenciarem as marcas dos clubes.”
O jogo está mudando
Com clubes mais profissionais, fornecedores atentos e patrocinadores cada vez mais conectados ao universo gamer, o cenário para 2025 é promissor. A entrada oficial dos times brasileiros no EA Sports FC 26 pode representar o início de uma nova era: mais visibilidade, mais negócios, mais torcida — dentro e fora dos estádios.
Para quem cresceu sonhando em escalar o time do coração no modo carreira ou disputar finais online com o escudo verdadeiro estampado na camisa, a expectativa é de que, desta vez, o apito inicial esteja mais próximo do que nunca.
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