Aposentadoria: da previdência privada às carteiras de investimento; veja estratégias

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A ideia de se aposentar para descansar e não fazer nada ficou para trás. O aumento da longevidade trouxe para este período a oportunidade de se reinventar e viver uma nova fase. Mas, para isso, é preciso ter recursos para garantir a segurança financeira. Essa mudança de paradigma exige planejamento para que o dinheiro não falte quando o trabalho remunerado não fizer mais parte do dia a dia.

“O aposentado hoje vive uma nova perspectiva. As pessoas ainda estão a fim de passear, de viajar, de dar presente para neto, enfim, de viver. E você tem que pensar em como vai viver”, alerta Fabio Gallo, professor de finanças na Escola de Administração de Empresas de São Paulo (EAESP) da Fundação Getulio Vargas (FGV)

Planejamento é essencial

Quem começa a planejar a aposentadoria mais cedo tem, a seu favor, o tempo de acúmulo de recursos. Isso exige uma uma parcela menor do orçamento a cada mês para compor a reserva de aposentadoria.

Ao pensar em investimentos para a aposentadoria, o perfil do investidor (agressivo, moderado ou conservador) não é o único fator preponderante. Gallo enfatiza que há três variáveis essenciais: “o tempo, o prazo e a importância daquele dinheiro na sua vida”.

Para um prazo curto e alta importância, como um casamento em um ano, o risco deve ser “zero”, com o dinheiro em “renda fixa, como um título do governo que vai vencer até aquele prazo”. Por outro lado, para um dinheiro inesperado, com prazo longo e baixa importância, “o risco pode ser máximo, permitindo investir até em derivativos”.

Mas, como a aposentadoria tem um grau de importância para garantir o bem-estar quando não houver mais trabalho remunerado, o importante é não correr riscos muito elevados. O prazo disponível influencia a estratégia. Para quem tem “20, 30 anos para pensar na aposentadoria”, há espaço para um pouco mais de risco.

Previdência Privada, o “núcleo” da aposentadoria

Guilherme Almeida, Head de Renda Fixa da Suno Research, afirma que o “núcleo” do planejamento de uma aposentadoria deve ser um plano de previdência privada, independentemente do perfil do investidor.

Isso porque a previdência privada no Brasil oferece vantagens que vão além do investimento em si. “A previdência privada traz a vantagem de ter uma exposição [a diversos ativos] com uma gestão profissional”, explica, referindo-se à figura do gestor que toma decisões técnicas.

Além da gestão profissional, a previdência privada traz benefícios tributários. Investidores podem se beneficiar de alíquotas reduzidas, como 10% para prazos de exposição acima de 10 anos, ao escolher uma tabela regressiva de imposto de renda.

Para quem possui um plano do tipo PGBL, há a possibilidade de utilizar o benefício tributário anualmente na declaração do imposto de renda, limitado a 12% da renda bruta tributável.

Outro ponto importante é o planejamento sucessório. “O fundo de previdência não entra no inventário, então não está suscetível aos impostos que ocorrem na transmissão”, o que confere celeridade na transmissão do recurso.

No entanto, Gallo alerta para que os investidores se atentem aos detalhes do contrato. “Ao contratar benefício vitalício, por exemplo, o dinheiro investido não voltará para a família em caso de morte”, diz.

Diversificação e adaptação do portfólio

A composição do portfólio, além do fundo de previdência, varia conforme o perfil do investidor. Conservadores tendem a se expor a fundos de renda fixa tradicionais e títulos públicos de longo prazo, como o Tesouro IPCA+ e, mais recentemente, o Renda+.

Já os investidores arrojados, que aceitam mais risco, costumam ter maior exposição a ações e fundos imobiliários. “Eles compreendem que o objetivo é de longuíssimo prazo e se permitem investir em ações com potencial de crescimento. Empresas mais maduras e pagadoras de dividendos são escolhas para quem está próximo da aposentadoria e precisa de fluxo de renda imediato”, diz Almeida.

Estratégias e produtos em ascensão

Nos últimos anos, o mercado de capitais tem visto o desenvolvimento e aprimoramento de diversos veículos de investimento. Guilherme Almeida destaca a ascensão de produtos que permitem exposição indireta a determinados ativos, com maior eficiência.

  • Fundos de Investimento em Infraestrutura (FI-Infra): Estes fundos, negociados em bolsa com liquidez quase imediata, focam em projetos de médio e longo prazo e oferecem isenção tributária, pelo menos até o momento.
  • Fundos de Investimento da Cadeia Produtiva do Agronegócio (Fiagros): Assim como os FI-Infra, os Fiagros trazem eficiência tributária e podem compor o portfólio do investidor.
  • Tesouro RendA+: Lançado há cerca de cinco anos, este produto é focado em objetivos de longo prazo, especialmente aposentadoria. Ele proporciona uma gestão otimizada do fluxo de caixa, corrigindo os aportes pela inflação e adicionando uma taxa real, garantindo a preservação do poder de compra.
  • ETFs (Exchange Traded Funds): Há um “boom” de novos ETFs lançados no mercado, incluindo temáticos, de renda fixa e de ações, que oferecem eficiência e permitem ao investidor se expor gradativamente a esses veículos.
  • Democratização dos investimentos: O surgimento de fintechs e bancos digitais tem democratizado o acesso a produtos de previdência privada. “Hoje o investidor tem ali a ciência dos seus benefícios de previdência pelo seu smartphone com poucos cliques”, afirma Almeida, destacando a redução da burocracia e a maior acessibilidade em termos de valor mínimo de aporte e taxas de administração.

Assim, a sugestão é montar uma carteira composta pela Previdência Privada e mais ativos diversificados para aproveitar a rentabilidade ao longo do tempo. Almeida sugere, ainda, exposição a diferentes geografias, para diluir a instabilidade que pode ocorrer em território nacional investindo em opções fora do país.

Revisar, sempre

Apesar de o planejamento de aposentadoria ter foco em longo prazo, Almeida diz que é importante para o investidor revisitar sua tese de investimentos periodicamente para fazer ajustes, se necessário. “Pode ser a cada três, ou seis meses, mas idealmente, pelo menos uma vez ao ano”, afirma.

Isso se deve às mudanças na vida do investidor (padrão de vida, composição de renda) e na percepção de risco. Além disso, fatores de mercado podem afetar estruturalmente os fundamentos de empresas no portfólio. Para aqueles que não se sentem confortáveis em fazer essa revisão sozinhos, o auxílio de profissionais é uma opção.

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